Extremo sul baiano torna-se novo polo de produção de café robusta

Café diversifica economia regional
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Reconhecido pelas culturas de cacau e de eucalipto, o extremo sul da Bahia desponta também como um importante polo de produção de café robusta (ou conilon) no país. O avanço se deu principalmente nos últimos cinco anos, e nesta safra 2014/15, a colheita do produto na região deve superar, pela primeira vez, 1 milhão de sacas, segundo Roberto Cangussu, vice-presidente para o sul do Estado da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé).

Cinco anos atrás, a produção de conilon na região, conhecida como Atlântico, não passava de 400 mil sacas, de acordo com Cangussu - não há dados precisos sobre a cultura no Estado. A Assocafé estima que nos últimos quatro anos tenham sido implantados 10 mil hectares de café, o que elevou a área total no extremo sul da Bahia para 30 mil hectares.

Boa parte do "sucesso" da atividade no sul baiano é creditada à boa luminosidade, à topografia da região e ao clima favorável, com chuvas regulares. João Lopes Araújo, presidente da Assocafé, acrescenta que os preços atrativos do café conilon nos últimos três anos também incentivaram novos projetos de cultivo. A maior parte desses novos plantios é tocada por produtores capixabas que já não tinham áreas disponíveis e adequadas para a expansão da atividade no Espírito Santo, o maior produtor nacional de conilon e o segundo maior produtor de café do país.

Já Cangussu avalia que o crescimento do conilon na Bahia foi impulsionado pela grande demanda do produto por parte da indústria brasileira e também do exterior, que usa os grãos nas misturas com o café arábica, considerado mais nobre.

Apesar do avanço dos últimos anos, alguns produtores consideram que essa expansão pode perder força em função da falta de mão de obra e de mecanização e da rentabilidade menos atrativa.

No Espírito Santo, maior produtor nacional de robusta, o crescimento da oferta nos últimos anos se deu em decorrência do aumento da produtividade. A safra 2014/15 no Estado é estimada pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) em 9,35 milhões de sacas, 14% acima do período anterior - equivalente a 75,8 % da safra nacional de robusta (12,33 milhões de sacas).

Para o extremo sul da Bahia, a Conab projeta área de 24.179 hectares e produção de 769,5 mil sacas em 2014/15, com produtividade média de 31,83 sacas por hectare, ante 32,81 sacas no Espírito Santo.

Entretanto, cafeicultores e Assocafé estimam que a produtividade é muito mais alta na região: cerca de 60 sacas por hectare nas áreas não irrigadas e 80 sacas nas irrigadas. Embora as chuvas sejam bem distribuídas na região, o período de dezembro a fevereiro, quando ocorre o desenvolvimento dos grãos, pode enfrentar estiagem, como ocorreu no ano passado. (Matéria originalmente publicada pelo portal Cenário MT)